CUIDADO MAL HUMOR É DOENÇA, PROCURE AJUDA
Se uma nuvem pesada de impaciência e irritação ronda seus dias e nada lhe dá prazer, cuidado! Esses sintomas constantes caracterizam a distimia, um transtorno mental que se manifesta por um eterno descontentamento
Irritação, raiva, cara feia: quem nunca sentiu esse desconforto, essa sensação de explosão iminente? Perder a esportiva quando o carro quebra no trânsito ou quando o craque do seu time de futebol desperdiça um pênalti é normal. No entanto, se este estado de espírito ranzinza for rotineiro, independentemente de ocorrer algo bom ou ruim, o diagnóstico pode ser distimia - ou simplesmente a doença do mau humor. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 3% da população do planeta - cerca de 180 milhões de pessoas - sofrem com esse distúrbio. Trata-se de um transtorno mental que se manifesta por um eterno descontentamento. O distímico tem sentimentos de pessimismo e inadequação, angústia, autocrítica exacerbada, baixa auto-estima, cansaço constante, ceticismo, desesperança, preocupação, não sabe lidar com frustrações, sente-se preterido, rejeitado, raivoso...
Lembra muito o
temperamento do personagem Saraiva - criado pelo comediante Ary Leite, na
década de 50, e atualmente interpretado pelo ator Francisco Milani no programa Zorra Total, na Rede Globo -,
que leva a vida excessivamente a sério, bradando o bordão 'Tolerância Zero'.
"A distimia é um tipo de depressão com sintomas leves ou moderados que
persistem por pelo menos dois anos consecutivos. Atinge todas as faixas
etárias, classes sociais e sexos. Em geral, começa no início da vida
adulta", afirma o psiquiatra Ricardo Alberto Moreno, coordenador do Grupo
de Doenças Afetivas (Gruda), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas de São Paulo.
Mais sujeito a distúrbios
Desencadeado por
um desequilíbrio na atividade química do cérebro, o problema se instala sem
avisar. "Ele provoca uma mudança lenta de comportamento. O distímico
desenvolve normalmente suas atividades diárias, continua trabalhando, porém com
baixo rendimento", explica o psiquiatra Aderbal Vieira Jr., da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Não se detecta
distimia em exames de sangue, tomografias ou ressonâncias magnéticas. Somente
um especialista é capaz de diagnosticar o mal através de uma avaliação
psiquiátrica, ou seja, uma averiguação do comportamento de cada pessoa e sua
resposta a estímulos. "A doença surge por vários motivos, entre eles a
vivência de situações desgastantes no dia-adia. Se seu início for precoce, ou
seja, antes dos 21 anos de idade, ela é considerada hereditária. Quando ocorre
mais tarde, está associada a fatores de ordem biológica, física, psicológica ou
social. Indivíduos submetidos a estresses constantes, por exemplo, podem
adquirir a doença com o passar do tempo", conta Moreno.
Mas como
diferenciar uma pessoa distímica da mal-humorada comum? A resposta vai além da
cara amarrada. Aquela que sofre com a patologia não tem capacidade psicológica
de modular seu humor - sempre inadequado à situação real e com intensidade e
duração prolongadas. Em outras palavras: não depende de força de vontade ou de
pensamento positivo. "Costumo dizer que é uma doença que interfere
diretamente na qualidade de vida de seus portadores. O distímico anda sempre de
mal com a vida, mesmo sem motivos aparentes. Nada está bom e tampouco o deixa
feliz. Para piorar, são mais suscetíveis a desenvolver doenças
cardiovasculares, câncer, distúrbios imunológicos e problemas na sexualidade
por falta de libido", alerta a psicóloga Aziran Souza de Magalhães, do
hospital Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Também podem apresentar
dificuldade de atenção, concentração e raciocínio, alteração do apetite e sono
e queixas físicas, como náuseas, enxaqueca, dores nas pernas e estômago, prisão
de ventre e diarréias.
Quando não
tratado, o distímico corre o risco até de morte por abuso de álcool e drogas ou
suicídios. "A doença ainda pode evoluir para a chamada depressão dupla,
isto é, quando o paciente passa a apresentar quadros depressivos mais graves",
diz o psiquiatra Elko Perissionotti (SP).
Marcio
Aurélio – Coach e Terapia 19-991507366 // rvmarcio1@gmail.com
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